Dólar subiu e fechou o dia em 5,61 com pressão no exterior e disputa pela Ptax, apesar de leilão do Banco Central.

Depois emplacar a quarta alta consecutiva ante real e fechar novamente acima dos R$ 5,60 na véspera, o dólar à vista opera em alta nesta sexta-feira dia 30 de Agosto de 2024, após dados de inflação PCE nos Estados Unidos e a realização do primeiro leilão de dólares à vista do Banco Central (BC) desde abril de 2022. A autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão no leilão à vista.

O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,2% em julho ante junho. Com isso, o núcleo em 12 meses se manteve em 2,6% até junho, a mesma taxa observada em junho. O resultado foi em linha com o esperado pelo mercado na comparação mensal. Os analistas esperavam taxa mensal de 0,2% e taxa anualizada de 2,7%, segundo consenso LSEG.

Qual a cotação do dólar hoje?

Às 11h56 (horário de Brasília) o dólar comercial subia 0,36%, a R$ 5,642 na compra e R$ 5,645 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) tinha alta de 0,45%, a 5.654 pontos.

Dólar comercial

Compra: R$ 5,642
Venda: R$ 5,645

Dólar turismo

Compra: R$ 5,688
Venda: R$ 5,868

O que aconteceu com o dólar hoje?

O dólar subia frente ao real nesta sexta-feira, ampliando os ganhos de sessões recentes, conforme investidores digeriam dados moderados de inflação nos Estados Unidos e observavam a disputa pela Ptax, mesmo após o Banco Central vender US$ 1,5 bilhão em leilão no mercado à vista.Nesta manhã, uma série de fatores moldava as decisões dos investidores nos mercados de câmbio, com a força do dólar no exterior e a disputa pela Ptax se sobrepondo à influência de um leilão à vista realizado pelo BC.

Já o resultado de inflação nos EUA consolidou as apostas dos agentes financeiros de que o banco central dos EUA deve realizar um ciclo de afrouxamento monetário gradual a partir de setembro, à medida que a inflação, apesar de moderada, ainda segue um pouco acima da meta e a economia tem mostrado resiliência, como visto nos números do PIB na véspera.

Essa é uma mudança em relação à perspectiva no início do mês de que a maior economia do mundo poderia estar rumando para uma recessão, o que fez operadores precificarem cortes de juros mais agressivos na época.

Os mercados indicavam 70% de chances de um corte de 25 pontos-base no Fed, ligeiramente acima dos 68% projetados na quinta-feira. A probabilidade de uma redução de 50 pontos-base recuou para 30%.

Dessa forma, o dólar se fortalecia ante seus pares fortes, acompanhando a alta nos rendimentos dos Treasuries. O rendimento do Treasury de dois anos –que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 2 pontos-base, a 3,908%.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,11%, a 101,470.

“Eu diria que tem uma forte pressão externa hoje por conta do PCE. Leitura do mercado é que corte de juros tende a ser mais modesto”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

No cenário nacional, Bergallo apontou ainda que a disputa pela definição da Ptax de fim de mês, que ocorre nesta sexta, influenciava os negócios, com os investidores comprados impulsionando as cotações. “Nitidamente os comprados estão mais fortes”, afirmou.

Os ganhos da divisa norte-americana ainda ocorriam apesar da venda de US$ 1,5 bilhão pelo Banco Central em leilão à vista durante a manhã, o que inicialmente levou a uma leve valorização do real, mas não se sustentou.

O dólar atingiu a mínima da sessão minutos após o fim do leilão, às 9h40 (-0,72%), mas passou a avançar logo depois, chegando a subir mais de 1% em um determinando momento. Esta foi apenas a segunda intervenção do BC no mercado de câmbio desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo a primeira no mercado à vista. A autarquia não forneceu explicações para a ação até o momento.

Para Leonel Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX, o Banco Central achou que era melhor fazer uma intervenção, garantir a liquidez de mercado. “Só que acaba sinalizando para os agentes de mercado que está tendo um problema. (…) É possível que tenha um efeito de alimentação das preocupações dos investidores que observam falta de compradores de real, o Banco Central intervindo e acabam, digamos, já nesse ambiente de preocupações”, avalia o analista, ressaltando que a operação acaba reforçando o movimento de venda do real, de saída da moeda brasileira.

Além disso, Mattos também ressalta que foram divulgadas estatísticas fiscais de julho, com um déficit primário maior do que o esperado, o que também azeda de vez o humor dos investidores.

Post: G. Gomes
Informações: Infomoney e Reuters

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Aeromodelista, fotografo, Das Ciências Sociais e pesquisador.

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